[Livro] Lançamento na ABPMC2017! Uma resenha de Behaviorismos: Reflexões Históricas e Conceituais – Vol 2

Diálogos em Análise do Comportamento

Esta resenha foi escrita por Roberta Kovac. Roberta, além de coordenadora da Editora Paradigma – que editorou a obra, é Psicóloga pela PUC-SP, Mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela PUC-SP e atualmente é doutoranda no Departamento de Psicologia Clínica da USP.

Boa leitura!

O projeto editorial “Behaviorismos: Reflexões Históricas e Conceituais”, organizado por Diego Zilio e Kester Carrara e publicado pela Editora Paradigma compõe uma série de três livros, com  o objetivo de apresentar aos leitores os autores que fizeram e que ainda fazem parte da constituição histórica e da construção do corpo conceitual da escola denominada “Behaviorismo”. A série aponta não apenas à diversidade de autores e pensamentos, tradições filosóficas e científicas – identificada no plural do título da obra – “Behaviorismos”, mas também, ao incessante e produtivo campo de produção de conhecimento sobre um objeto de estudo tão complexo: o comportamento.

Na ocasião do XXVI Encontro Brasileiro de Psicologia e Medicina Comportamental, organizado pela ABPMC, foi lançado o Volume II da série. Este Volume, todo em português, cumpre agora também a necessidade de apresentar aos leitores deste idioma, material de qualidade sobre autores proponentes do behaviorismo. Ainda, diferente do primeiro livro da série, mais histórica, este segundo volume abre espaço para autores que, com seu trabalho, consolidaram a abordagem do behaviorismo radical.

Composto por dez capítulos, Behaviorismos, Volume II abre com um capítulo sobre Bekhterev (1857-1927), e termina com um capítulo sobre Ferster (1922-1981), percorrendo assim mais de cem anos da história e da ciência do comportamento.

O primeiro capítulo do livro,  escrito por Saulo de Freitas Araújo, aborda a psicologia objetiva e a reflexologia em Bekhterev e indica uma possível negligência da importância deste autor e de sua influência para o Behaviorismo.

No capítulo 2, Kester Carrara apresenta a história acadêmica de Max Meyer  e a importância deste autor como parte  do Zeitgeist  do início do século XX.  Ainda neste tom de desvendar o espírito de uma época, Rodrigo Lopes Miranda, Carolina S. Bandeira de Melo, César Rota Jr. E Laurent Gutierrez , levam aos leitores no capítulo 3 o autor Henri Pierón. Pierón é apresentado como um pioneiro no comportamentalismo, citado como um dos primeiros autores a definir a psicologia como ciência do comportamento, assim levando essa forma de fazer Psicologia ao território majoritariamente ocupado pela Psicanálise – a Europa e a França.

Nos capítulos 4 e 5 , as fronteiras do Behaviorismo e seu “desvio” para uma abordagem mediacional, mentalista ou cognitivista são descutidos, na apresentação, por Carolina Laurenti, de Clark Hull e por Carlos Eduardo Lopes, de Tolman.

No capítulo 06, Marcus Bentes de Carvalho Neto e Paulo Cesar Morales Mayer descrevem a proposta de um chinês (!) para o behaviorismo. Um chinês que estudou nos Estados Unidos, e que trouxe para a Psicologia reflexões sobre o conceito de instinto e estudos experimentais com animais. Conhecemos neste capítulo mais um expoente daquele espírito de época que constituiu as origens dos behaviorismos.

A partir do capítulo 7 até o fim do livro, os leitores reencontram expoentes do behaviorismo radical, autores já bastante conhecidos pela área no Brasil.

No capítulo 7, João Claudio Todorov nos traz um relato sobre a vida e a obra de Fred Keller, com a pessoalidade e o conhecimento de alguém que esteve intimamente próximo e relacionado diretamente com tal autor. É neste capítulo que aprendemos, não só sobre um autor e sua obra, mas sobre o aparecimento da análise do comportamento no nosso país.

Sidney Bijou, outro autor também familiar para a comunidade de analistas do comportamento brasileiros, é apresentado no capítulo 8 por Tauane Paula Gehm e Amilcar Rodrigues Fonseca Júnior. Os autores destacam a importância de Bijou para a compreensão do comportamento de crianças.

Completando o trio de autores fundamentalmente preocupados com  educação, formação e com ensino, no capítulo 9 Emílio Ribes Iñesta nos apresenta William Schoenfeld. Iñesta destaca em seu capítulo principalmente as contribuições  conceituais de Schoenfeld para o Behaviorismo.

Por fim, o último capítulo deste volume II, escrito por Gabriel Vieira Cândido  nos (re) apresenta  o trabalho de Charles Ferster, outro importante analista do comportamento que tentou construir a ponte – tão difícil para a área – entre o laboratório animal e a prática clínica, destacando sua enorme contribuição para os primeiros estudos sobre problemas humanos.

Com toda esta robustez, o livro Behaviorismos, volume II, consolida a ideia já apresentada no primeiro volume, de que há muito mais a conhecer sobre  Behaviorismo, para além de Skinner e Watson. Como está aludido na ilustração das capas e colocado de forma poética por Roberto Banaco no prefácio o volume I, temos, com essa série de livros, maiores condições de nos apoiar nos ombros dos gigantes que construíram a história e ainda fortalecem a ciência do comportamento. Uma história que está longe de ter seu fim. Aguardamos com interesse o próximo volume…

Roberta Kovac – Coordenadora da Editora Paradigma

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